terça-feira, 29 de maio de 2012

Pais mostram satisfação com parecer favorável ao agrupamento de Escariz


Encarregados de educação dizem ter “tudo à porta” e não querem fazer 20 quilómetros para tratar de questões administrativas. 
Reportagem e foto de Tânia Santos

Pais ficam satisfeitos com a 'solução dois mais um' para Arouca

Alunos de outros tempos com residência em Escariz lembram o ensino primário local e único para muitos. Para alguns, o percurso escolar tomou rumo em Fajões, São João da Madeira ou na vila de Arouca. Com a abertura da E.B. 2,3 de Escariz, ano lectivo 2001/02, a mudança física é retardada e o novo ensino deixa os pais alarmados.

Diogo, 8 anos, é um exemplo da mudança da rede escolar. Frequenta o ensino básico no pólo escolar de Escariz, o qual integra desde o pré-escolar. E, no futuro, pode vir a ingressar o ensino secundário sem ter de mudar de pólo e área residente. Todo este processo deve-se à constituição de agrupamentos de escolas, ideia introduzida por questões funcionais e políticas.

A ideia de junção do pré-escolar, básico e secundário ainda dá que falar pelo concelho de Arouca. Os pais não concordam, sobretudo, com o encerramento das escolas primárias. Até que um mal maior se levanta. A comunidade escolar do agrupamento de Escariz é alarmada pela possibilidade da criação de um mega agrupamento. Pais, professores e funcionários questionam: “E se o agrupamento perde o estatuto? Vou ficar desempregado? Tenho de fazer mais quilómetros para ir a uma reunião? Vão fechar turmas e levá-las para Arouca?”

A associação de pais da E.B. 2,3 de Escariz sabe da assembleia municipal a uma semana da discussão do mega agrupamento para Arouca. A presidente da associação, Irene Oliveira, diz ter sido tudo “muito repentino” e, desde logo, reúne as associações de pais do agrupamento e redigem uma carta de desagrado face ao mega agrupamento, defendido desde o início pela autarquia. Irene frisa que “toda a comunidade uniu-se” na assembleia municipal de 29 de Abril de 2012, onde lêem a carta e apresentam um abaixo-assinado.

A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) colocou em cima da mesa duas opções: a do mega agrupamento e a ‘solução dois mais um’ (E.B. 2,3 de Arouca mais secundária e E.B 2,3 de Escariz sem anexação). Em assembleia, a segunda alternativa é a mais viável. A DREN, os distintos partidos presentes e a presidente da Junta de Escariz, Fernanda Oliveira, apoiam a posição dos pais, professores e funcionários. Até porque o objectivo do mega agrupamento “é juntar agrupamentos com vista aspectos técnicos e não o lado das pessoas”, diz Sérgio Sousa, representante da Juventude Social-Democrata (JSD) de Escariz.

“Escariz ganha em ter o agrupamento”, sublinha Sérgio Sousa. O pólo tem “boas condições, bons resultados a nível distrital, serviços e pessoas competentes”, motivos que conjugados com “a diminuição da mobilidade das pessoas contribuem para unir e reter alunos dentro do concelho”, acrescenta o líder da JSD. Encarregados de educação mostram satisfação com a decisão favorável à ‘solução dois mais um’. Caso contrário, a alternativa seria “os nossos filhos irem para Fajões”, Oliveira de Azeméis, pois “é perto e não temos 20 quilómetros de caminho com curvas pela frente”, concordam os pais.

A proposta do mega agrupamento visa “concretizar a universalização da frequência da educação básica e secundária”, segundo a resolução de conselho de ministros nº44 de 2010. Ou seja, a base é a centralização e gestão partilhada de recursos humanos, pedagógicos e materiais. A parte administrativa, que envolve as matrículas e processos escolares, é uma só.

A lei nº 75 de 2008 deixa claro que a “constituição de agrupamentos de escolas obedece a critérios de construção de percursos escolares coerentes e integrados, articulação curricular entre níveis e ciclos educativos, eficácia e eficiência de gestão de recursos, proximidade geográfica e dimensão equilibrada e racional. Neste sentido, um mega agrupamento em Arouca “não salvaguarda os princípios base dos agrupamentos”, resume Sérgio Sousa.

Sem comentários: