quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Visita guiada ao Museu do Papel

Ao subir a Rua do Rio Maior avistam-se grandes edifícios, o velho e o novo misturam-se, e lá do cimo o rio corre e desce junto ao Museu do Papel, em Paços de Brandão. A visita ao museu passa por uma breve contextualização das fábricas de papel em Terras de Santa Maria da Feira e pelas diferentes fases de construção do papel. O que se fez antes e o que se mostra hoje.


Entrada do museu

Tudo começou com os trapos e Lourença Pinto, a responsável pela transformação de uma máquina agrícola em industrial. Mãe solteira e analfabeta, Lourença estabeleceu uma sociedade com Joaquim de Carvalho, em 1822. A partir do "Engenho de Lourença" os trapos eram separados e desfeitos em água, dando origem aquilo que conhecemos por papel. Um processo demoroso. As folhas eram feitas, manualmente, uma a uma.

Engenho de Lourença*


Mais tarde, o "Papel Velho" (jornais e diversos cartões de papel) começou a ser reutilizável. Nestes materiais, não constam papéis provenientes de guardanapos e de papel higiénico por não serem resistentes e recicláveis.

Os papéis recicláveis eram desfiados por mulheres para, de seguida, serem triturados no "Moinho das Galgas". Uma espécie de máquina com duas pedras que se movimentam de forma circular e esmagam o papel, transformando-o numa pasta à medida que se mistura com água. À primeira vista essa pasta confunde-se com o cimento. A cor cinza sugere da junção de diferentes tons de papel (branco, rosa, laranja, verde, etc.).

Depois da passagem pela "Casa das Galgas", a pasta de papel era reencaminhada para a "Pila Holandesa" ou "Cilindro". Nesta fase, os pedaços de papel ficavam mais desfeitos e a pasta mais líquida.
Roda hidráulica*
Posteriormente, a pasta passava pela "Roda hidráulica" e pela "Roda do Maxão", situadas no exterior da fábrica (actualmente, museu), onde desliza o Rio Maior, que deu nome à rua do museu, em Paços de Brandão.
Rio Maior passa junto ao museu

Passando pelas águas do rio, a pasta de papel volta ao interior da fábrica em direcção à "Máquina Contínua", ao "Sarilhos" e, por fim, à "Mesa de Corte". Todo o trabalho feito desde a "Casa das Galgas" e "Casa do Cilindro" até este ponto era desenvolvido por homens, devido à exigência de grande esforço físico.


Casa da Máquina*

Numa outra fase, o papel molhado era levado para o "Espande". Agora, cabia às mulheres transportar cada fardo de papel, que pesava cerca de 50 quilos. Já no local mais alto da fábrica, as botadeiras colocavam o papel a secar.


Casa do Espande*

Seco, o papel (que estivesse em bom estado) era lixado num espaço denominado por "Casa do Lixador", onde ficava pronto a vender. Com o "Papel Novo" eram feitos, por exemplo, cartuchos. Outrora, este papel encontrava-se espalhado pelas mercearias locais. Eram outros tempos e habilidades.

Casa do Lixador*

No passado domingo, 26 de Setembro, foram vários os visitantes que conheceram a indústria papeleira, desenvolvida em Terras de Santa Maria, pela mão do guia Pedro Ivo. Nos próximos dias, serão outros, desde crianças a graúdos, a ficar fascinados.

* Imagens retiradas da website do Museu do Papel: http://www.museudopapel.org/

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