terça-feira, 6 de abril de 2010

Investigação Quantitativa vs Investigação Qualitativa

A investigação quantitativa e a investigação qualitativa diferem e completam-se. Recorrem a diferentes métodos de estudo. E, ao mesmo tempo, cumprem uma função idêntica: questionam permanentemente o seu objecto de estudo e respectivas propriedades (quantitativa) ou contexto (qualitativa).
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Ligados à corrente positivista, behavionista, empirista e determinista, os métodos quantitativos estão isentos de valores. Os qualitativos seguem os princípios culturais e fenomenológicos.
A realidade quantitativa é fragmentada em variáveis, é única e probabilística. O objectivo dos métodos quantitativos é medir a quantidade de um objecto, sendo que não se mede o objecto em si mas as suas propriedades (género, idade, etc.). Estes métodos são usados para descobrir relações entre variáveis e diferenças entre grupos.
Os métodos qualitativos fogem à realidade objectiva. São mais adequados para analisar casos individuais, amostras pequenas e intencionais. Enquanto os métodos quantitativos recorrem a uma amostra representativa e aleatória do universo, generalizando os resultados atingidos.
A quantificação pressupõe uma base teórica antes da prática que corresponde à validação da teoria. Contrariamente, os métodos qualitativos começam pelo terreno, baseiam-se no humanismo.
Relativamente à investigação, a quantitativa é nomotética. Baseia-se na verificação de hipóteses hipotético-dedutivas, isto é, parte de hipóteses feitas preparadas antes da recolha de dados. Por sua vez, a investtigação qualitativa é ideográfica. As hipóteses são indutivas e emergentes, pois surgem com o desenrolar do trabalho investigatório e baseiam-se na grounded theory (teoria construída a partir do terreno).
Os planos de investigação quantitativos são formais e detalhados pois têm como objectivo confirmar ou refutar hipóteses. Os qualitativos não visam descrever as coisas tal como são. Pretendem sim ajudar a entender os indivíduos estudados no seu contexto. Na fase de recolha de dados, as técnicas quantitativas são pensadas à priori e são iguais para todos os sujeitos envolvidos no estudo. Os investigadores recorrem à observação estruturada, à entrevista estruturada, a testes e ao questionário fechado para, de seguida, proceder à análise dos dados obtidos através da estatística descritiva e inferencial.
Para proceder a uma investigação qualitativa, os investigadores utilizam um processo mais flexível. Recorrem a uma abordagem individualizada uma vez que a realidade é complexa, diversa, dinâmica e depende de quem a constrói. Neste sentido, cada caso é um caso. Os significados são construídos a partir do modo de vida de cada sociedade e respectivo contexto. A verdade é sempre relativa e contextual, isto é, varia no espaço e no tempo. O que é verdade hoje pode já não o ser amanhã.
Contrariamente, aos investigadores quantitativos, os qualitativos investem na observação participante, entrevista etnográfica ou profunda e analisam os dados com base em descrições verbais, não tendo uma data prevista para a conclusão do trabalho investigatório.
Depois da análise dos dados e apresentação das conclusões, a investigação termina e logo de seguida é iniciada uma outra, mantendo sempre o círculo aberto. Nenhuma investigação está fechada, seja ela quantitativa ou qualitativa.


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